Tem frases que ouço e que me comovem profundamente.
As mudanças que desejo fazer em minha vida, reflete diretamente na vida das
pessoas que estão ligadas a mim. Eu conto para elas os meus projetos e elas me
observam com uma disposição passiva. Há alguns dias atrás falando sobre meus
planos, ouvi um lamento e só agora em pensamentos soltos meu coração e minha mente
se dispuseram a fazer o inverso, ouvi-las através do silêncio que imperou em
nosso lar. Interpretar e entender aquele silêncio.
Há uma disposição quase que natural, de olharmos apenas para dentro de
nós mesmos e nunca colocarmo-nos no lugar do outro quando tomamos algumas
decisões.
Inevitavelmente todas as nossas decisões refletem direta ou indiretamente
no outro. Principalmente se “o outro depende de nós”.
Uma vez que a vida é feita de momentos e nem sempre estamos assim,
dispostos de produtivos, deveríamos naturalmente ter perdido esta postura tão
egoísta.
Fiz esse exercício e não foi agradável. Pelo contrário, foi bastante
dolorido.
Numa das nossas conversas no meio da minha empolgação ouvi do meu filho a
seguinte frase:
- Me sinto impotente.
Quantas vezes me senti impotente. Quantas vezes eu quis mudar algo em
minha vida e não saí do canto por pura impotência, medo, ou até mesmo
acomodação.
Da impotência sou catedrática. A impotência é uma corrente que nos
amarra, trava os nossos movimentos mais prementes. É dolorida, bastante
dolorida.
Sofri por meu filho só agora, percorrendo este caminho. Não gostaria de
vê-lo sentir sensações que senti por tantos anos. Não gostaria de ser a
portadora dessa dor que o acomete.
Filho meu... filho que tanto amo.
Quantas vezes ouvi de pessoas e pessoas que eu deveria fazer tais e tais
movimentos em minha vida e eu explicava mil vezes que não dava, que não era
possível naquele momento e não era compreendida, uma vez que, para as pessoas, era
tudo tão simples, tão viável e para mim irrealizável. Não é à toa que me
afastei de tanta gente “competente”.
Este afastamento foi uma das atitudes mais acertadas dos últimos tempos e
posso dizer até madura. Eu não quero dar explicações à gente que não faz parte
diretamente da minha vida pessoal. NUNCA MAIS!
Dar e dar explicações para mim, hoje é um sinal de insegurança,
imaturidade, e algo totalmente desnecessário, uma vez que, na hora H somos nós
que assumimos erros e acertos conseqüentes das nossas decisões.
Este é o momento muito particular na vida de cada um, em que chega a hora
de ligar o FODAM-SE!
Mas isso só é possível quando nos sentimos totalmente seguros de que
agüentaremos as “pontas” apenas com a força adquirida através das experiências
vivenciadas por nós ao longo de nossas vidas. Este ato exige autonomia e
auto-conhecimento.
Quando nos sentimos fortes, a vigilância é fundamental para não cairmos
no erro de sermos arrogantes e prepotentes.
Independência é uma coisa, prepotência é outra!
E julgar é bem mais fácil que compreender!
O outro está lá: Parado. Preso. Acorrentado. Querendo fazer algo para nos
ajudar e para se ajudar e sente-se impotente.
Se eu quis e não tive a compreensão de amigos quando me sentia
acorrentada, como posso ignorar ou pelo menos tentar compreender a postura do meu
filho? Condená-lo por incompetência e acomodação?
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